domingo, 2 de dezembro de 2012


Conheça cursos de formação em Conservação e Restauração no país

Mercado está aquecido, embora profissão ainda não seja regulamentada

Dizem que saber sobre o passado ajuda a sociedade a compreender melhor o presente. Por isso preservar a história é fundamental. Essa é a função do restaurador/conservador. Mas reconstituir documentos ou uma obra de arte, seja ela pintura, escultura ou fotografia, não é tarefa fácil. Pensando na preservação das cidades histórias e de todo o patrimônio histórico e cultural do estado mineiro, em 2008, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), criou o Bacharelado em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.
Aluno trabalhando em restauração de livro (Foto: Divulgação)Aluno trabalhando em restauração de livro
(Foto: Divulgação)
O curso da UFMG tem duração de quatro anos, sendo os dois primeiros, de ciclo básico, e os outros dois, destinados a uma das quatro especializações que o aluno escolher: papel, pintura, escultura e conservação preventiva. Nessa segunda etapa, o aluno tem liberdade na composição do seu currículo, não possuindo disciplinas ou atividades obrigatórias e, assim, pode montar sua grade curricular de acordo com sua necessidade ou seu interesse.

Ramon Vieira entrou no curso em 2009. Já em seu terceiro ano, optou pela área de conservação preventiva, porque a considera mais ampla. Fez disciplinas de restauração de esculturas e algumas relacionadas à papel, principalmente na área de encadernação de livros. Antes de optar pela graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais e Móveis, ele cursou alguns períodos de História. Mas optou por abandonar e ir para o curso de conservação da UFMG.

“O curso de História era muito teórico e muito pouco prático, eu sempre gostei de História da Arte, e no curso de restauração eu posso estudar a história da arte e a execução em cima do conteúdo. O curso não fica só no pensamento, e sim na parte prática também, e te dá a base para pensar como intervir em uma obra, ele te fundamenta a executar a intervenção com base no critério de prevenção”, explica Ramon.
Segundo o estudante, os ateliês são bem estruturados e equipados. “Neste aspecto é interessante, porque já conhecemos o tipo de trabalho, as ferramentas que utilizamos. Temos laboratório para fazer análise de pigmentação, por exemplo”, conta. Para ele, o mercado de trabalho em Minas Gerais na área de restauração é bem favorável. “Hoje, o mercado está bem propício para restauração. Aqui em Minas sempre conseguimos estágio, já trabalhei em obras que aconteceram tanto em Belo Horizonte quanto no interior do estado. Existe muito trabalho, há muita demanda de mão de obra especializada”, explica.
Jacqueline (Foto: Divulgação)Jacqueline Assis (Foto: Divulgação)
Jacqueline Assis se formou em Arquivologia, mas ao fazer o curso de especialização em restauração da UFRJ passou a trabalhar como restauradora desde então. Chefe da Divisão de Preservação e Segurança do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e presidente da Abracor (Associação Brasileira de Conservadores-Restauradores de Bens Culturais), ela participou recentemente da restauração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Jacqueline explica que a demora para a criação dos cursos de graduação se deveu à falta de profissionais com mestrado e doutorado. “Investiu-se muitos anos em especialização em nível universitário. Foi uma luta muito grande, nós precisávamos de doutores. Todo mundo teve que fazer mestrado e doutorado fora do país para ser reconhecido aqui e conseguir formar o curso de graduação no Brasil”, conta.

Segundo Jacqueline, há 30 anos a Abracor reivindica a regulamentação da profissão. Existe um projeto de lei (nº 370/2007) de autoria do senador Edson Lobão para regulamentar o trabalho do restaurador. Atualmente o projeto aguarda votação. “Os museus carecem imensamente de restauradores, arquivos e bibliotecas. Órgãos como o Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan) e o Ibran têm milhões de obras pela cidade e, por isso, precisamos que a profissão seja regulamentada”, justifica.
Reforma do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)Reforma do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
(Foto: Divulgação)
A profissão do restaurador envolve diversos detalhes. A obra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, por exemplo, contratou diversas empresas na área de conservação com profissionais especializados desde a pintura até em detalhes, como gesso, mármores, mosaicos e outros tipos de arte integrados àquele monumento. “O reformador se especializa sempre em alguma coisa. Cada obra é tão específica, necessita de um conhecimento tão grande, que obriga o restaurador a se especializar em uma área ou em outra. Com a chegada da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, muitos patrimônios precisarão ser restaurados abrindo campo de trabalho para muita gente”, conta Jacqueline.
Segundo ela, os restauradores optaram por se especializar em maior quantidade na área de papel porque temos no Brasil muito arquivos e bibliotecas, além de alguns outros especializados em pintura, porque era o conhecimento mais comum que se tinha nos anos 80. “O que não significa que se necessite de especialistas em pedra, monumentos de igreja, madeiras policromadas, azulejos. É preciso dar mais valor à cultura, pagar melhor a este profissional. Além disso, precisamos de profissionais para o futuro. Como vamos preservar o CD, o DVD? É uma área de interesse e fundamental para o futuro”, finaliza.

Fonte:
http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2011/12/conheca-cursos-de-formacao-em-conservacao-e-restauracao-no-pais.html#


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