terça-feira, 14 de junho de 2011

Revendo a Memória na Medida e na Necessidade_Gazeta de Londrina_Arquitetura

Arquitetura
Do Ecletismo ao Modernismo


Livro da pesquisadora Elizabeth Amorim de Castro mostra as diferentes características de 13 prédios oficiais construídos em Curitiba ao longo de um período de cem anos.
Do 19.º andar do edifício onde mora, na Praça Osório, a arquiteta e pesquisadora Elizabeth Amorim de Castro encontrou a inspiração necessária para o seu último trabalho: lá do alto, através de ampla janela da sala, ela consegue ver boa parte dos prédios mais importantes da cidade. “Antes de começar a conversar, você pode aproveitar a minha vista. Lá está o Palácio Iguaçu, está vendo?”
No livro Edifícios Públicos de Curitiba: Ecletismo e Modernismo na Arquitetura Oficial – lançado junto com um CD-Rom e uma exposição, que abre hoje no Museu Paranaense –, a arquiteta e doutora em História estudou as características de 13 prédios oficiais em um período de cem anos (1854-1958).
A autora do livro, Elizabeth Amorim de Castro, no café do Paço Municipal
Centro Cívico é um símbolo da arquitetura modernista em Curitiba
Na obra, que levou dois anos e meio para ser concluída, Elizabeth mostra as características comuns entre os edifícios oficiais e discute dois estilos completamente diferentes: o Ecletismo, predominante no país do fim do século 19 até a década de 1930, que reúne, em uma única construção, ornamentos de estilos diversos; e o Modernismo, cujo ápice no Brasil se deu na década de 1950, com a a criação de edifícios públicos de linhas arquitetônicas retas e com fachadas desprovidas de detalhes.
Segundo a estudiosa, os prédios públicos do Ecletismo mantiveram elementos de décadas e de séculos atrás, mas com novos significados. No prédio hoje ocupado pela sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), por exemplo, e que também foi o Palácio do Governo estadual entre 1892 e 1935, o porte e a riqueza ornamental contribuíram para conferir imponência à construção.
Já edifícios como o Paço da Liberdade e a sede da Secretaria de Estado da Cultura, antigo Ginásio Paranaense (construído em 1903), têm torres bem caracterizadas, que remetem às edificações medievais. “As torres que eram utilizadas para vigilância e proteção significam, nos projetos desses prédios, domínio técnico e prestígio”, diz.
O prédio hoje ocupado pela Casa Andrade Muricy, inaugurada em 1926 como local de coleta e de pagamento de tributos, mantém as janelas com grades de ferro, que serviam para proteger o local de possíveis roubos. “Em todos esses edifícios, encontramos detalhes que revelam a função que tinham originalmente.”
O Paço Municipal, construído em 1916 para ser a sede da Prefeitura Municipal, foi projetado pelo então prefeito Cândido de Abreu, de acordo com a autora, para inserir o poder municipal no eixo político. A região, no início da Rua Barão do Rio Branco, hoje Praça Generoso Marques, ficava entre a Rede Ferroviária e próxima a outros edifícios oficiais. No entanto, era desvalorizada por conta de um mercado popular com poucas condições de higiene e trânsito intenso de carroças com produtos alimentícios. “O Paço foi construído dentro do mercado. As paredes externas permaneceram como se fossem tapumes. Ele (o prefeito Cândido de Abreu) definiu padrões construtivos e valorizou o conjunto urbano.”
Destaque
A principal diferença entre os prédios do Ecletismo e os do Modernismo, segundo a autora, é que os primeiros se misturavam ao espaço urbano, concepção que mudou radicalmente com o projeto do Centro Cívico, que antecedeu Brasília. A ideia foi pensada ainda em 1943, pelo arquiteto Alfred Agache.
Entretanto, um novo projeto e a construção foram realizados pelo governador Bento Munhoz da Rocha, em 1951. “No momento em que Agache esteve na cidade, a construção não foi possível. Mas o pensamento já era de um agrupamento dos prédios públicos, que foi aproveitado por Munhoz da Rocha”, conta.
Segundo a autora, alguns estudos dizem que o arquiteto Sérgio Rodrigues, um dos profissionais que projetou o Centro Cívico, esteve em reuniões com Lúcio Costa, responsável pelo projeto de Brasília. “Ao mesmo tempo em que Costa contribuiu, ele também bebeu da nossa fonte.”
Serviço
Edifícios Públicos de Curitiba: Ecletismo e Modernismo na Arquitetura Oficial. A exposição abre ao público hoje, às 14 horas, no Museu Paranaense (R. Kellers, 289, São Francisco). De terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas; sábados e domingos, das 11 às 15 horas. Entrada franca.


Revelando a Memoria na Medida e na Necessidade_Nostalgia: Gazeta do Povo

Se perde no tempo a instituição dos relógios de rua em Curitiba. O mais antigo conhecido ainda existe e está instalado no topo da extinta Farmácia Stellfeld, na Praça Tiradentes – é um relógio de sol. Mais dois iguais existiam na esquina da Rua Quinze de Novembro com a Rua Barão do Rio Branco e estavam fixados nas paredes com face para cada uma das ruas da casa onde funcionava a Confeitaria Ao Pharol.
O primeiro relógio mecânico aparece instalado na torre da Igreja Matriz da Praça Tiradentes, em fotografia feita em abril de 1870, em solenidade religiosa ocorrida pela volta dos Voluntários da Pátria da Guerra do Paraguai. O Mercado Municipal, inaugurado em 1874, ostenta em seu alto também um relógio mecânico. O prédio da Estação Ferroviária, inaugurada em 1885, tinha em destaque o seu relógio. A Igreja da Ordem aparece com seu relógio à meia altura da torre, cujos mostradores eram constantemente consultados pelos colonos que faziam ponto no Largo.

clicar abaixo:para ver nove fotografias dos locais dos relógios,revelados no texto
Catedral de Curitiba, em 1924

Prédio da prefeitura na Praça Generoso Marques em 1917, com relógios em todas as faces da torre
Relógio da Praça Osório, inaugurado em 1914. A foto é de 1916, com ele ainda sem o mecanismo
Confeitaria Ao Pharol, na Rua XV com Barão do Rio Branco, e seus dois relógios de sol. Foto de 1902
Estação da Estrada de Ferro em 1958, com destaque para o relógio
Relógio de sol da Farmácia Stellfeld
Relógio da Santa Casa
Relógios da Catedral
O relógio da Igreja da Ordem orientava o tempo para os colonos. Foto de 1930
Saiba mais

Clicar abaixo para ver imagens e noticia na sua origem

Uma coisa puxa outra...
Hein?
Subindo o morro
Prédio da prefeitura na Praça Generoso Marques em 1917, com relógios em todas as faces da torre
Relógio da Praça Osório, inaugurado em 1914. A foto é de 1916, com ele ainda sem o mecanismo
Confeitaria Ao Pharol, na Rua XV com Barão do Rio Branco, e seus dois relógios de sol. Foto de 1902
Estação da Estrada de Ferro em 1958, com destaque para o relógio
Relógio de sol da Farmácia Stellfeld
Relógio da Santa Casa
Relógios da Catedral
O relógio da Igreja da Ordem orientava o tempo para os colonos. Foto de 1930
Saiba mais

Clicar abaixo para ver imagem e noticia na sua origem

Uma coisa puxa outra...
Hein?
Subindo o morro
Outro relógio importante está instalado sobre a Santa Casa, inaugurada em 1880. O som de seus sinos, marcando as horas, era ouvido até no bairro do Batel. A Catedral de Curitiba possuía um único relógio, instalado na torre da direita – para a torre da esquerda, estava em projeto a colocação de um barômetro, coisa que nunca ocorreu. Até a poucos anos o velho relógio funcionou perfeitamente, desde a sua inauguração em 1893.
O relógio da Praça Osório é, sem dúvida, o que tem mais histórias entre os marcadores das horas curitibanas. Foi inaugurado junto com os melhoramentos feitos naquele logradouro pelo prefeito Cândido de Abreu, em 1914. Acontece que ficou no local apenas como um totem durante quatro anos, pois seu mecanismo, encomendado na Alemanha, somente chegaria após o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Por sinal, seu pedestal foi usado para colocar as bandeiras dos países aliados em sinal de repúdio pelo torpedeamento de embarcações brasileiras por submarinos germânicos.
O relógio da Osório funcionava aos trancos e barrancos. Vivia mais parado e, quando não, nunca estava com a hora certa. O povo comentava: relógio que atrasa não adianta! Por duas vezes sua caixa foi mudada, assim como os mostradores. De redondo passou a ser quadrado e tornou a forma circular. A última mexida que deram no coitado foi por volta de 1993, quando foi retirado da Praça Osório e colocado na Avenida Luiz Xavier, onde em seu pedestal o trêfego prefeito, tentando se eternizar, colocou uma placa de bronze com seu nome que, por sinal, já foi devidamente retirada por algum gatuno.
Os marcadores do tempo instalados mais recentes na cidade são: o Relógio das Flores, da Praça Garibaldi, e o Relógio Digital da Rua XV, que também teimam em não adiantar muito como marcadores do tempo. Existem ainda relógios instalados em prédios particulares, onde se destaca o do edifício apelidado de Ghotam City, ali da Alameda Carlos de Carvalho. Aliás, todos eles são hoje adereços decorativos, pois todo mundo porta suas horas não só em relógios de pulso, mas principalmente em computadores e nos telefones celulares – quem não tem um? Ou mais? Depois de tudo, alguém pode informar que horas são?

Museu da Escola